O Natal é o tempo dos Frágeis, dos Simples, dos Últimos dos Últimos.
— o número de pessoas forçadas a abandonar as suas casas devido a guerras, conflitos, violência, perseguições, violações dos direitos humanos ou desastres naturais em 2019 ultrapassou os 70 milhões. 37 mil pessoas por dia ou 25 pessoas por minuto tiveram que deixar as suas casas sem qualquer certeza de regresso. (Dados da UNHCR.) Tal como aquela Família em Belém.
— o campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos tem condições para 3 mil pessoas mas aloja quase 9 mil. Entre estes, muito têm a primeira entrevista do processo de pedido de asilo marcada para 2023. São prisioneiros de um sistema que os força a falta de dignidade como preço para a sobrevivência. (Dados da MSF em entrevista ao Expresso. A AlJazeera e o The Guardian apontam para mais de 10 000.) Tal como aquela Família em Belém.
— as organizações relatam o crescente número de crianças que morreram, que se mutilam, que tentaram o suicídio, que não falam, que não brincam ou que arrancam cabelos e batem com a cabeça em contentores. (Relatado pela MSF em entrevista ao Expresso.) São crianças. São crianças a quem negaram acolhimento tal como ao Menino da Família de Belém.
É tempo de voltarmos ao Presépio de Belém e percebermos que naquelas palhas nascemos todos. É tempo de percebermos que nada nos distingue na fragilidade dos nossos Irmãos em movimento que atravessam as fronteiras por uma vida digna.
Que o Natal seja tempo de Acolhermos com verdadeira disponibilidade os Frágeis.
O Natal é o tempo dos Frágeis, dos Simples, dos Últimos dos Últimos.
