Comunidade
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Um arraial popular para construir o Futuro

Publicado a
1/7/2022

Regresso com uma notícia sobre um momento muito significativo na história da MEERU.

Mas antes: não podemos ignorar as notícias da semana sobre a morte de dezenas de pessoas em movimento por esmagamento e por insulação - respetivamente - entre Marrocos e o enclave espanhol de Melilla e entre o México e os Estados Unidos da América.  Até quando? O que podemos fazer perante isto? Não sei se tenho respostas. Apesar de tudo o que fazemos, está ainda quase tudo por fazer.

Sem a mínima intenção de nos distanciarmos desta realidade, permitam-me que vos escreva em jeito de postal. Gostávamos de partilhar a alegria que sentimos no passado sábado ao ver a Comunidade da MEERU unir-se à Comunidade de Tadim (Braga) e encher o adro da igreja de cores, alegria e sorrisos no nosso Arraial Popular.  

Junho é o mês das festas e dos Santos em Portugal! É também o mês do Dia Mundial do Refugiado. Quisemos celebrar estes momentos da forma que melhor sabemos: numa festa onde a COMUNIDADE, HOSPITALIDADE e AMIZADE tomam forma concreta em gestos e relações.

E assim foi: um grande arraial popular com músicas e sabores de muitos lugares no mundo!

E porquê em Tadim, Braga?

Boa pergunta! É que é em Tadim que estão já lançadas as fundações das casas do projeto RECONSTRUIR, um projeto desenvolvido pela Associação Humanitária Domus com a parceria da MEERU. Com um modelo de construção de habitação sustentado no poder da Comunidade, a partir deste projeto vamos poder criar condições para uma habitação digna, segura e acessível para 6 famílias de pessoas migrantes ou refugiadas a viver em Portugal e de pessoas Portuguesas da Comunidade de Tadim. Podes saber mais mais nas redes sociais do projeto.


Como foi o nosso arraial?

Além das tradições portuguesas de um arraial de verão, o dia foi cheio de bonitos momentos de diálogo para guardarmos.

Além das fotos da Teresa Magina, que partilhámos acima e nas nossas redes sociais, espreitem também aqui o video que o nosso Rui  preparou:

Apesar do trabalho do Rui e da Teresa, não estou certo de que o vídeo e as fotos bastam para transparecer tudo o que aconteceu. O nosso Arraial Popular foi um dos momentos mais simbólicos do poder transformador que o Diálogo Intercultural pode ter. No mesmo espaço, conviveram pessoas com histórias de vida tão distintas que, à partida, ninguém adivinharia que algum dia dançassem juntas; brincassem umas com as outras; trocassem histórias e peripécias; trabalhassem juntas na preparação de um largo para um arraial; e que terminassem a noite a trocar contactos e a dizer: 'quando precisares de algo, estou por perto'.

Ainda assim, confesso…

Faço preces para que os nossos programas de inclusão, por mais profícuos que sejam, não nos obliterem da dura realidade do que há por fazer: há pessoas a morrer, em todo o mundo, das formas mais escabrosas que conhecemos, pelo simples facto de estarem em movimento.

E por isso, começo e termino este texto com as mesmas perguntas e poucas respostas. Até quando? O que podemos fazer perante isto?

Não sei. Na MEERU, temos algumas parcas pistas. Fica esta: talvez tenhamos mesmo de alcançar o potencial máximo dos nossos programas de inclusão. Precisamos de criar a verdadeira tranformação das nossas comunidades. Precisamos que, mais do que as organizações e os ativistas, sejam os Srs. Albertos e as Donas Filomenas que digam e exijam no café e a todos à sua volta: estas pessoas têm futuro aqui.

Estas pessoas têm futuro aqui e têm um bom grupo de outras pessoas que acreditam e que estão dispostas a tudo para escreverem uma nova história para as pessoas em movimento.

Com todas as dúvidas, temos uma certeza: é possível criarmos Comunidades compassivas que sabem acolher, onde o bem de todos é também o melhor de cada um.

Autores
Pedro Amaro Santos
Autor
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