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Notas que importam sobre o mundo em que vivemos, nas últimas semanas

Publicado a
5/7/2019

𝟭 — O navio humanitário Sea-Watch esteve 17 dias no mar sem autorização para desembarcar em nenhum porto seguro as 40 pessoas migrantes resgatadas ao largo da Líbia. No sexta passada, a capitã do navio Carola Rackete decidiu, invocando o estado de emergência, atracar, sem autorização, no porto de Lampedusa. Em terra, foi imediatamente detida pelas autoridades italianas. O juiz italiano, no que concerne ao crime em questão de resistência ou violência contra um navio de guerra estrangeiro, decidiu a favor da libertação de Carola por esta ter ‘cumprido o seu dever de salvar vidas.’ Mas, Carola arrisca ainda enfrentar um processo judicial por suspeita de ajuda à imigração ilegal. A política imposta por Salvini prevê também a apreensão do navio humanitário e uma coima de 50 mil euros.

𝟮 — Esta terça, pelo menos 53 pessoas migrantes (incluindo 6 crianças) morreram e 130 ficaram feridas num ataque aéreo que atingiu um centro de detenção nos arredores da capital da Líbia, Trípoli. As Nações Unidas garantiram nesta quinta-feira que guardas líbios dispararam contra refugiados e migrantes que procuravam fugir do ataque.

𝟯 — Ontem, uma embarcação com 86 migrantes a bordo proveniente da Líbia naufragou no mar Mediterrâneo, ao largo da costa da Tunísia. Quatro pessoas foram resgatadas, mas uma acabou por morrer. Estão 82 pessoas desaparecidas.

𝗖𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝘀𝗼̃𝗲𝘀:
A Líbia é um dos principais pontos de partida de migrantes africanos para a Europa, em fuga da pobreza extrema, de guerras e perseguições.
A estas pessoas que procuram refúgio na Europa escolhemos dar, tranquilamente, as seguinte opções:
— morrer na travessia do mar Mediterrâneo.
— ser resgatados e, depois, proibidos de entrar em território italiano.
— ser intercetados pela chamada guarda costeira líbia e devolvidos aos centros de detenção, conforme acordado com a UE.
— ser travados ainda na Líbia pelas autoridades locais, com a colaboração da União Europeia, e colocados nos centros de detenção.

As condições dos centros de detenção são desumanas. A Líbia não é um porto seguro. Nenhum refugiado ou migrante resgatado pode ser devolvido para onde a sua liberdade e segurança possam ser postas em causa.

Temos que #𝗮𝗯𝗿𝗶𝗿𝗰𝗮𝗺𝗶𝗻𝗵𝗼.

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Julho de 2019

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