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Update da situação em Moria, Lesbos

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15/9/2020

— Os incêndios no campo de Moria deixaram 11500 pessoas requerentes de asilo, incluindo 2200 mulheres e 4000 crianças, sem abrigo, a viver ao relento várias noites consecutivas nas ruas, nos campos, nas praias, em parques de estacionamento, igrejas e até cemitérios. Entre eles, encontram-se pessoas vulneráveis, bebés e crianças, mulheres grávidas, pessoas idosas e pessoas com deficiência. Segundo Faris Al-Jawad, da ONG Médicos Sem Fronteiras, têm tratado bebés com inalação de fumo e crianças que dormiram nas ruas vários dias. A distribuição de água e comida é escassa e é assegurada maioritariamente por organizações humanitárias no terreno.

Fotografia de Petros Giannakouris/AP Photo.

— Desde o incêndio, mais de 21 pessoas testaram positivo para a Covid-19, para além das 35 que foram diagnosticadas antes do desastre.

— 406 crianças e jovens desacompanhadas foram imediatamente evacuados para o continente grego, e seguirão para os países europeus que concordarem em acolhê-las.

— O Governo Grego começou já a construir um novo acampamento temporário, perto da capital de Lesbos, insistindo que é crucial que os antigos moradores de Moria se mudem para o novo campo. Cada refugiado fará o teste de Covid-19 antes de entrar no local temporário e só passando por esta nova instalação poderão ver os seus pedidos de asilo processados e obter os documentos legais necessários à sua evacuação da ilha. A oposição das pessoas é tal que, sete dias após o primeiro incêndio, apenas 1000 concordaram em entrar no novo campo.

— Com o anúncio de um novo campo, no sábado, milhares de pessoas refugiadas protestaram nas ruas de Lesbos gritando “Liberdade, liberdade”. Nos cartazes podia ler-se: “Não precisamos de um novo acampamento … queremos liberdade”. As pessoas defendem que veem as novas instalações como uma “prisão”.

— Nesta manifestação, a polícia de choque grega disparou gás lacrimogéneo contra as pessoas refugiadas, incluindo mulheres e crianças.

— Ontem, uma multidão de mulheres e crianças protestou novamente, pedindo à UE para salvá-los.

— O Governo Grego já avançou com a promessa de que a ilha de Lesbos ficará sem pessoas refugiados até à Páscoa de 2021

— A Alemanha disponibilizou-se para receber 1.500 pessoas sem abrigo.

— Alguns países europeus, como a Áustria, já rejeitaram categoricamente receber pessoas do campo destruído. O chanceler austríaco Sebastian Kurz afirmou que “Se cedermos a essa pressão agora, corremos o risco de cometer o mesmo erro que cometemos em 2015”.

Fotografia de Alkis Konstantinidis/REUTERS.

A RESPONSABILIDADE PORTUGUESA

— Perante tudo isto, o Governo Português transmitiu a sua disponibilidade para participar no esforço europeu de solidariedade para o acolhimento de pessoas que se encontravam no campo de refugiados de Moria.

— No âmbito do Acordo Bilateral já assinado entre Portugal e a Grécia, o Governo afirma que se irá proceder à agilização da já prevista transferência das primeiras 100 pessoas. Este Acordo prevê o acolhimento de até 1000 pessoas que se encontram em campos de refugiados na Grécia.

— No que respeita aos menores não acompanhados, ainda em setembro está prevista a chegada de mais 28 pessoas, provenientes de campos de refugiados da Grécia.

APELO DA MEERU | Abrir Caminho

— É urgente decidir sobre a necessária recolocação solidária pelos vários Estados da UE, não só de menores não acompanhados, mas também de todas as famílias e pessoas singulares vulneráveis.

— É urgente reconstruir o modelo de acolhimento nas ilhas, proporcionando instalações de acolhimento numa base transitória e célere, que possam ser administráveis e respeitadoras da dignidade humana, salvaguardando assim o direito que todas as pessoas têm a procurar asilo.

— É urgente que transformemos o apelo de evacuação em mobilização concreta de cidadãos, associações, municípios e paróquias, para que através de um serviço em rede e com propósito, possamos, de facto, acolher com dignidade todas as pessoas para quem dizemos ter espaço.